O preço do leite disparou. A reportagem apurou que em Ibirubá, nos mercados, o preço de marcas varia de R$ 2,79 até R$ 4,99. Isso ocorre em péssima hora e muitos consumidores têm sentido esse aumento nos bolsos, principalmente após a crise do coronavírus.

Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), houve aumentos, mas que as elevações tinham vindo da indústria já nas encomendas que chegaram no final da última semana. Já o Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindilat) defende que os aumentos feitos pelas fábricas ficam entre 20% a 30%. Como motivos, o secretário-executivo, Darlan Palharini, citou efeito da alta do dólar nas embalagens, elevação de custo nas medidas contra o coronavírus, estiagem que reduziu pastagens, entre outros.

O aumento do preço do leite, entretanto, não chegou na ponta da cadeia, nos produtores. O Escritório da Emater-RS/Ascar de Ibirubá, informou que o preço médio recebido pelo produtor no mês de março na região ficou entre R$ 1,25. Além disso, alguns produtores relataram que o leite produzido em março e com recebimento em meados de abril, terá uma leve queda no valor. Outro relatou um aumento de oito centavos para o mesmo mês. Por isso há um desencontro no motivo da elevação do preço, que em alguns casos, ultrapassa os 30% justificados pela indústria.

O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul – CONSELEITE/RS, informou que o mês de iniciou com valores estáveis para o preço do leite no Rio Grande do Sul, mas alguns produtos como o UHT tiveram alta. Ainda segundo dados divulgados pelo Conseleite, a análise de março, indicou que o preço médio do leite recebido pelo produtor no estado foi de R$ 1,1557 pelo litro, redução de -0,62% em relação ao consolidado de fevereiro (R$ 1,1629).

Para Alexandre Guerra, vice-presidente do Conseleite e presidente do Sindilat, o momento de entressafra (março-julho), também motivou a alta do UHT. Este ano, a tendência é que o período se prolongue uma vez que a estiagem segue prejudicando as pastagens e a nutrição dos animais.

A previsão é de que a alta se prolongue, o Rio Grande do Sul já tem 201 municípios em situação de emergência em função da estiagem, o que agrava a produção láctea cada vez mais. A estiagem fez o custo dos produtores aumentarem e a perspectiva diminuir, visto que o milho silagem também não teve bom rendimento e muitos produtores terão que comprar alimento para seus animais para não ter que racionar. A situação também desmotiva os produtores em continuar em atividade. Se de um lado da balança os consumidores enfrentam a alta dos preços, de outro, produtores enfrentam o baixo valor recebido.