11/08/2020 21:33 - Educação
Retorno seria gradual com aulas do ensino superior (a partir de 14/9), dos ensinos médio e técnico (21/9), dos anos finais do ensino fundamental (28/7) e dos anos iniciais (8/10).
Prefeituras devem debater o modelo, mas entidades municipais e de classe demonstram preocupação.
Aulas presenciais devem voltar a partir de 31 de agosto Lucas Nogare / Divulgação Seduc O governo do estado e a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) se reuniram, na manhã desta terça-feira (11), para debater sobre a retomada das aulas presenciais.
Entre datas e modelos discutidos, foi sugerido o retorno de modo gradual das escolas públicas e privadas, reiniciando a partir de 31 de agosto com as turmas de educação infantil. Depois, recomeçariam as aulas do ensino superior, em 14 de setembro, dos ensinos médio e técnico, em 21 de setembro, dos anos finais do ensino fundamental, em 28 de setembro, e dos anos iniciais, em 8 de outubro.
Cronograma proposto de retorno às aulas 31/8 – educação infantil 14/9 – ensino superior 21/9 – ensino médio e técnico 8/10 – ensino fundamental – anos iniciais 8/10 – ensino Fundamental – anos iniciais "Sabemos que é um tema muito sensível, mas não podemos nos resignar.
Quem lida com educação sabe que não podemos deixar assim", pondera o governador Eduardo Leite.
"É evidente que não colocaremos nossas crianças e nossa equipe de educação em risco sem termos segurança dessa redução de contágio.
Vamos reduzir o nível de exposição presencialmente, dividindo turnos e horários, mas é importante que se mantenha algum nível de contato entre professor e aluno para reduzirmos os danos de aprendizagem devido à pandemia", ressalta. Já o presidente da Famurs, Maneco Hassen, demonstra preocupação com a proposta.
Para ele, ficaram vagos na proposição elementos práticos considerados essenciais no auxílio aos gestores municipais na tomada de decisão, como os cuidados com o transporte escolar e a impossibilidade de contrações devido ao período eleitoral. “Não há curva descendente que nos permita imaginar que a pandemia está retorcendo aqui no RS.
Pelo contrário, não encontramos segurança necessária para o retorno neste momento.
A Famurs fará uma pesquisa com as 497 cidades, na próxima terça temos uma nova reunião agendada com o governo e vamos dialogar muito para que só se retorne às aulas quando encontrar segurança, e isso só virá com os números caindo”, afirma. Os presidentes das associações regionais também manifestaram preocupação com o cumprimento dos protocolos sanitários e demais questões legais.
As sugestões apresentadas devem ser debatidas pelas 27 associações regionais de municípios e analisadas em novas reuniões ao longo das próximas semanas.
'É um calendário da morte', critica CPERS O CPERS, entidade que representa os professores, contesta a proposta.
A presidente Helenir Schürer diz que recebeu a notícia com espanto, já que, segundo ela, o governo não preparou as estruturas escolares para o retorno. "É uma irresponsabilidade apresentar um calendário que começa pela educação infantil no momento em que a pandemia está em um crescente no estado, com muitas mortes.
É um calendário da morte.
Vai expor as crianças a esse vírus que anda não tem controle, principalmente em um momento de descontrole do estado, em que as bandeiras ordem vermelhas e amanhecem laranja", critica. Helenir cita ainda que a mãe de uma professora faleceu nesta terça por Covid-19.
O Rio Grande do Sul registra, até o momento, 2.472 mortes e 87,4 mil casos de Covid-19. Aulas só em bandeiras amarela e laranja No entanto, pela proposta do governo, as aulas presenciais recomeçariam somente nas regiões que estiverem em bandeiras amarela ou laranja.
A decisão do retorno, no entanto, é dos prefeitos. "Não será uma imposição.
Estamos sugerindo um calendário e, se o quadro do contágio por coronavírus não apresentar um achatamento da curva, tudo será revisto”, observa o secretário da Educação, Faisal Karam. Caso todas as 21 regiões do modelo de distanciamento controlado permaneçam nessas bandeiras entre setembro e dezembro, o valor reservado para investimento na rede estadual terá um custo extra de R$ 270 milhões.
Segundo a Secretaria Estadual de Educação, o valor será investido em aprendizagem, capacitação, equipamentos de proteção e desinfecção e contratação de professores e profissionais de apoio (serventes e merendeiras). Está prevista a compra de equipamentos de proteção individual para alunos e professores da rede estadual, como 9,8 mil termômetros de testa, 328 mil máscaras de uso infantil, 1,9 milhão de máscaras infanto-juvenil e 1,3 milhão de máscaras para adultos (alunos e funcionários).
No total, o investimento somente em EPIs será de cerca de R$ 15,3 milhões. Outro desses investimentos é a aquisição de 50 mil chromebooks (modelo de computador pessoal) para os professores.
De acordo com a secretaria, metade já foi adquirido e deve chegar até o fim de setembro.
Os outros 25 mil serão adquiridos até o fim do ano. “A autonomia de levar os filhos para a escola é dos pais.
Se preferirem não fazer isso, será necessário que o estado e os municípios busquem alternativas para a continuidade da educação.
Os prefeitos terão a autonomia para, dentro da realidade da sua cidade, decidir se há condições para o retorno presencial", explica o secretário. O governo ainda tem prevista uma reunião com o Ministério Público (MP-RS) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) para tratar do tema, que deve ser agendada nos próximos dias.
Fonte: G1 RS
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