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Especial dia da Mulher: Vice-Prefeita Stelamaris é a segunda entrevistada

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16/03/2020 19:09 - Destaques

Março é o mês do ano em que os debates sobre a questão de gênero ganham força, graças ao Dia Internacional da Mulher, 08/03. Pensando nisso, durante o mês de março o Jornal da Integração vai entrevistar quatro mulheres incríveis, uma por semana.

Essas mulheres irão nos falar um pouquinho sobre suas vidas, os principais desafios que a mulher enfrenta hoje em dia e como elas conseguiram vencê-los, para assim, se tornarem quem são hoje em dia.

A segunda convidada a ser entrevistada é Stelamaris Gobbi, 45 anos, é natural de Colorado, divorciada, mãe de Laura e Murilo. Atualmente reside no município de Selbach e atua como Vice-Prefeita.

Conte-nos um pouco da sua história

‘’Eu tinha treze anos quando sai de casa para estudar, fiz meu ensino médio no Rio de Janeiro, pois, tenho uma irmã que mora lá e me auxiliava muito.

Eu ficava durante um ano, período dos estudos, longe dos meus pais Zumiro e Maria Gobbi. Meu pai já é falecido há quase 30 anos e a minha mãe vai fazer 88 anos neste ano e ainda mora em Colorado.

Eu fiz magistério juntamente com o ensino médio no Rio de Janeiro (RJ) e quando findei os estudos eu retornei para casa. Fiz vestibular na UPF para cursar Letras, porém, acabei não cursando por dificuldades econômicas. Durante este período comecei a trabalhar dando aula, mas, ainda não tinha idade para fazer Concurso Público. Consegui através do CPM da escola estadual de Colorado dar aula para a turma do Jardim durante um ano.

Então, consegui juntar um pouco de dinheiro para poder conseguir cursar o que eu desejava.

Meu primeiro vestibular foi para jornalismo, pois, sempre gostei de falar, escrever e sempre fui uma boa leitora. Fiz o primeiro vestibular na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), mas, não consegui passar porque era bastante concorrido.

Quando a turma de Colorado findou por não ter mais alunos suficientes, acabei ficando desempregada. É até engraçado se considerar desempregada com 17 anos. Mas, como naquela época eram muitas dificuldades econômicas, eu já estava tentando melhorar de vida.

Meu pai já estava auxiliando meu irmão no Curso de Veterinária em universidade particular e também havia todas as demais dificuldades daquela época.

Fiz um currículo e entreguei em todos os lugares da cidade, e tive uma grande sorte. Fui chamada no Sicredi, graças a indicações de amigos e conhecidos.

Trabalhei um ano no Sicredi, onde consegui juntar mais dinheiro e cursei novamente vestibular e passei, porém, neste ano meu pai faleceu. Então, as dificuldades ficaram mais complicadas ainda.

Mas, durante este período consegui cursar a faculdade de Letras na UPF (Universidade de Passo Fundo) e continuei trabalhando no mesmo local e ainda prestava alguns auxílios na escola. Isso ajudou a ter uma renda a mais com minha mãe.

Durante esse período eu comecei a namorar, e depois de alguns anos me formei, me casei e vim morar aqui em Selbach. Mas, continuei trabalhando no Sicredi em Colorado.

Durante esse período eu já fazia parte do CLJ, fundamos o Léo Clube, eu escrevia para o Jornal que circulava em Colorado e Saldanha Marinho, sempre participávamos de grupos de jovens e adolescentes na Igreja Católica, participei também de grupos de jovens rurais, não ativamente, pois eu não era uma jovem rural, eu trabalhava na cidade. Como sempre fui envolvida com a Cooperativa, na época era CREDICOL, acabei me envolvendo no grupo rural.

Sempre fui muito ativa nesse sentindo de lideranças. Tenho muito orgulho de ter feito parte do Sicredi, pois, pude aprender o quanto é importante trabalhar em coletividade, em equipe, ser pontual, organizado, tudo isso aprendi neste emprego. Sempre fui bastante politizada, pois, meu pai falava sobre política, mas não a partidária e sim sobre as questões onde se discutia sobre isso e devido a vivência com a política.

Meu pai foi também um excelente leitor e isso nos motivava muito.

Também tive uma influência muito grande das minhas irmãs mais velhas, pois, elas já eram trabalhadoras, profissionais e independentes. Isso me fazia ver o outro lado de ser uma mulher independente, de procurar estudar e sair do mundinho difícil em que vivíamos. Aprendi que nunca podíamos nos acomodar.

Na família da minha mãe haviam vice-prefeitos e vereadores, então, também fui influenciada a entrar na política através desse convívio.

Depois de um ano de casada já me vi com a possibilidade de ser mãe, onde tive meu primeiro filho. Então durante esse período conseguimos alcançar alguns objetivos, como a casa onde moro com meus filhos.

Acabei fazendo outra graduação, que é Letras em Espanhol, depois fiz curso de aperfeiçoamento, fiz pós-graduação, e quando fui começar o mestrado acabou ficando pela metade. Pois, eu estava esperando meu segundo. Hoje minha filha Laura tem 22 anos e o Murilo tem 13.

Moro atualmente em Selbach e concorri primeiro como Vereadora, onde acredito que foi uma boa gestão. Pois, sempre fui muito leitora e sempre gostei de buscar informações e estar envolvida com a administração pública. Mesmo dando aula e fazendo outras atividades, sempre procurei ter conhecimento de todos os projetos da Câmara. Naturalmente surgiu o nome do Serginho para ser candidato a prefeito e quando vi eu estava engajada como vice.

Como eu era professora pública estadual eu não podia exercer dois cargos públicos, então, acabei pedindo licença à escola. Hoje, no gabinete a gente não só faz o papel de gestor e criar estratégias de demais trabalhos, mas também a parte de projetos. Atualmente trabalho com o Sistema de Convênios (SICONV), estou aprendendo sobre o Sistema de Convênio que é voltado só para educação. Eu atendo todas as secretarias, então qualquer situação que eu possa auxiliar estarei disponível.

Sou um suporte para todos os setores, onde ganho uma boa habilidade e boa experiência de gestão. Quero que cuidem bem do que é de todos nós. ’’

Quais suas formas de lazer?

‘’Meu lazer é voltado para a família, gosto das festas de comunidade e procura estar em todos os eventos possíveis. Gosto muito de sair com meus filhos e estar junto com minha mãe. Sou também uma grande leitora. ‘’

Como você considera os ambientes de trabalho atuais em relação a homens e mulheres? Você acha que ainda existe muita divisão?

‘’Eu acredito que tenha principalmente na política. Na cooperativa a gente não percebia tanto, pois, éramos todos considerados como colaboradores e todos eram exigidos de forma igual.

No magistério também não senti muita divisão, pois, a maioria eram mulheres naquele local. Mas, na política sim.

Na política é um processo bem complicado.

A gente tem que provar o tempo que do que somos capazes, provar que somos competentes, é muito difícil de alguém nos reconhecer.

Minha filha mesmo diz que se eu fosse homem eu ia ser o cara. E eu sempre respondo que a gente nunca é o cara, mas sim, que precisamos sempre buscar o algo a mais. Ás vezes mesmo com tudo que a gente faz nós não somos reconhecidos.

Eu não gosto que me considere como mulher que tem obrigação de ter privilégios, e sim, quero que me considere como pessoa e que eu possa competir da mesma forma que os homens. Não é fácil.

Ás vezes é um universo bastante cruel, mas que não tenhamos nem privilégios e nem desmerecimento. Assim como minha mãe me criou com muita luta e dignidade, eu tenho o dever de passar pros meus filhos o quanto são fortes, que nós somos iguais com os mesmos potenciais. É uma luta sim.

Dentro de uma casa a maioria é a mulher que puxa a frente. Não estou falando de tarefas de casa, e sim, administrar uma casa, segurar a ponta. Assim, é também nas empresas.

Na prefeitura de Selbach a maioria são mulheres como Secretárias, então a gente vê que todas são extremamente dedicadas e competentes como os homens. Nós não somos nada a menos.

A gente tem hormônios, períodos complicados assim como os homens, mas, acho que os homens conseguem disfarçar melhor.

Precisamos também conscientizar as mulheres de que precisamos nos unir sempre. Precisamos de convívios e relacionamento com mais qualidade.

Devemos quebrar aquela insegurança que carregamos em relação a outras mulheres. Nós somos capazes.

Eu sei fazer, e se eu não sei fazer vou aprender. O que tenho de menos que o homem de não poder aprender? Nada!

Não é o sexo masculino ou feminino que define se somos mais ou menos espertos. ’’

Conte-nos um sonho realizado e um a se realizar

‘’Meu sonho realizado não tem nada a ver com sonho profissional. Eu sempre desejei muito ser mãe. Eu tenho dois filhos maravilhosos que dão preocupação como qualquer jovem, mas, vejo neles valores. Eu vivo em função dos meus filhos e do meu trabalho. ’’

O que te inspira na sua caminhada?

‘’As mulheres me inspiram. Também vejo muito a força da mulher nas minhas duas irmãs. Meu irmão também lutou muito para alcançar seus objetivos e admiro muito ele.

Admiro minha mãe e todas as mulheres da minha família. As minhas colegas de trabalho também me inspiram, pois, possuem muita habilidade emocional e profissionalismo.

Nosso prefeito Serginho também possui uma habilidade de empatia e isso me inspira também. São muitas pessoas que admiro, eu não conseguiria citar todas aqui.

Mas, resumidamente e claramente falando, digo que o que mais me inspira é a fé. Não digo que tenho um Deus distante. Temos sempre que nos inspirar na

imagem e semelhança de Deus. Tenho muita fé.

Frustro-me muito ao ver as pessoas desistindo de seus sonhos ou do que amam. Temos que ter sempre coragem e fé. ’’

Mensagem final

‘’Que as mulheres nunca desistam de seus sonhos, que não precisem ter enfrentamento. Não é brigando que se conquistam objetivos e sim mostrando que somos capazes, competentes, que somos inteligentes, não só cognitiva, mas emocional.

Que elas possam realmente criar uma estratégia de vida melhor pra si e para seus filhos ou familiares ou demais pessoas quem amam.

Que as mulheres carreguem aquilo que elas são. O empoderamento é dizer que acreditamos em alguma coisa.

Se você passa coisas boas, você recebe coisas boas. Que as mulheres se espelhem naquelas de antigamente e vejam como elas faziam. Tinham seus 13 ou 14 filhos e algumas eram submissas do marido. Tinham que dar conta de muita coisa, trabalhavam no pesado. Muitas mulheres no passado foram chefes de família e algumas não foram reconhecidas.

Hoje podemos dizer que também somos chefe de família. ’’

Fonte: Jornal Visão Regional

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