Transmissão de Covid no RS atinge maior nível desde fevereiro de 2021, mostra estudo da FURG
Taxa de contágio no estado está em 1,38, o que significa que 100 pessoas transmitem a doença para 138. Maior valor registrado havia sido de 1,19. Entenda o que é a 'taxa R'.
Crescimento de casos começou após movimentação das pessoas para festas de fim de ano no RS — Foto: Giulian Serafim / PMPA
A taxa de transmissão de Covidno Rio Grande do Sul atingiu o maior nível desde fevereiro de 2021, quando começou o projeto Exactum, da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), que acompanha a disseminação do vírus no estado.
De acordo com os últimos dados, divulgados nesta segunda-feira (10), a taxa de transmissão está em 1,38, o que significa que 100 pessoas transmitem a doença para 138, aumentando "significativamente" a propagação do vírus. O cálculo é feito com base nos dados de 11 municípios do estado.
"Nossa expectativa é que o aumento na contaminação não gere crescimento na ocupação de leitos de UTI ou leitos clínicos, porque a variante ômicron, que está dominando agora, evolui para casos menos graves. Mas, se há uma explosão de casos e se o número de infectados simultâneos é muito alto, mesmo um percentual baixo de casos graves pode lotar os hospitais", alerta o professor Sebastião Gomes, um dos responsáveis pelo projeto.
A maior taxa havia sido registrada em 25 de fevereiro, quando valor médio no RS era de 1,19. Desde então, as taxas calculadas pelo projeto haviam ficado entre 0,8 e 1,1.
Em dezembro, o estudo registrou uma taxa de 1 — ou seja, quando 100 pessoas transmitem a doença para outras 100.
Gráfico mostra o avanço da taxa de contágio do coronavírus no Rio Grande do Sul, de acordo com estudo da FURG — Foto: FURG / Reprodução
As causas prováveis para aumento dos números, de acordo com o estudo, podem ser associadas ao relaxamento de medidas de prevenção e ao surgimento da variante ômicron, que é mais transmissível. De acordo com Gomes, a vacinação em massa faz com que as altas taxas não colapsem novamente o sistema de saúde.
"A vacinação é fundamental. Ela não evita a contaminação, mas faz com que a doença evolua para casos mais leves, principalmente em quem já tem a dose de reforço", explica o professor.
Todas as 11 cidades gaúchas analisadas pelo estudo da FURG registraram taxa de contágio acima de 1. Com base nos dados, os pesquisadores conseguem fazer previsões para os próximos 20 dias — o que foi feito para Pelotas e Rio Grande, as maiores cidades da Região Sul do estado, onde fica a FURG.
O modelo feito pelo projeto prevê que Pelotas passará de cerca de 52,7 mil casos confirmados no domingo (9) para 60,6 mil em 29 de janeiro, enquanto Rio Grande passará de 22,3 mil casos confirmados no sábado (8) para 24,4 mil em 28 de janeiro.
Taxa de transmissão de Covid-19 nas cidades gaúchas, de acordo com estudo da FURG:
O cálculo tem por base o Índice de Reprodução Basal, a taxa R, que é considerado padrão para análises estatísticas relacionadas à epidemiologia. Na estimativa, uma taxa R de 1 significa que cada pessoa transmite a doença para outra pessoa.
Caso o índice seja superior a 1, a contaminação está acelerada. Um cenário positivo para a redução do contágio necessita de uma taxa inferior a 1.